Publicado em 01/07/22
8 de julho de 1497 – Vasco da Gama parte de Lisboa em direção as Índias
A partida de Vasco da Gama para a Índia
Após saber do êxito da expedição espanhola conduzidas por Colombo em 1492, Portugal almejava mais do que nunca chegar às Índias, a terra das Especiarias. Vasco da Gama parte para a Índia em 8 de julho de 1497 levando em seus barcos o experiente navegante Bartolomeu Dias, aquele mesmo que havia dobrado anos antes o cabo da Boa Esperança. Gama recebeu instruções valiosas de Dias que por muito pouco não foi nomeado chefe da expedição pelo coroa portuguesa.
Inspirado pelas fantásticas histórias de Marco Polo[1], Gama foi buscar aquilo que os Europeus fantasiavam com o paraíso na Terra, um oriente mágico com suas rotas secretas, um “éden de pomares e jardins perfumados com maças, peras damascos, pêssegos, uvas, rosas, ervas, campos de açafrão e de papoula, árvores de zimbro, fartura de pimentas, cominho e de especiarias[2]. Mas antes de por lá desembarcar teria que se contentar com uma ração composta de poucas quantidades de carne de boi ou porco, biscoitos duros, pouca água e vinho, vinagre e azeite.
Antes de embarcar, umas sequências de atos religiosos tinham como função abençoar aqueles corajosos navegantes. Os sacerdotes junto às embarcações trataram de absolver antecipadamente os navegantes que viessem a falecer durante a jornada, neste momento houve grande comoção por parte da população que irrompeu em lágrimas. João de Barros, grande historiador do período acrescenta ainda: De onde com razão lhe podemos chamar praia de lágrimas para os que vão, e terra de prazer aos que vêm.
Com apenas três naus, uma na veta para os mantimentos e mais 170 homens, Gama partiu de Lisboa em oito de julho de 1497. Dentro da pequena frota que iria marcar história havia competentes homens do mar. As naus eram a São Gabriel comandada por Vasco da Gama e tinha como condutor Pero de Alenquer, um piloto experiente já havia viajado com Bartolomeu Dias anteriormente. Já a São Rafael era capitaneada por Paulo da Gama[3] seu irmão, era pilotada por João de Coimbra e tinha como escrivão João de Sá. A Berrio ou São Miguel tinha como capitão Nicolau Coelho, seu piloto era Pero Escobar e Álvaro Braga era o escrivão, e finalmente a naveta de mantimentos era comandada por Gonçalo Nunes.
Vasco da Gama tinha a sua disposição o máximo da tecnologia portuguesa na construção de novas naus, muito diferentemente daquilo tudo que havia disponível até então. A empreitada portuguesa era a mais audaciosa da história daqueles últimos séculos, tratava-se de um dos momentos mais importantes do século XX.
Gama seguiu navegando para oeste utilizando-se da mesma manobra anterior de Dias, afastando-se da costa africana e por pouco não veio parar no Brasil. Gama chegou a avistar aves que voavam em direção a oeste, uma indicação clara de que havia terra por perto, mas seguiu por leste tornando-se o segundo homem a dobrar o antigo Cabo das Tormentas rebatizado por D. João II de Cabo da Esperança.
Depois de dias difíceis na tentativa de efetuar o contorno do continente africano, Gama em duras negociações em Melinde conseguiu um feito extraordinário: agregou um piloto árabe a sua frota, seu nome era Ahmad ibn Madjid, mas chamado pelos portugueses de El- Melindi. Ahmad foi um dos muitos pilotos árabes que passaram por Gama, ele no caso foi fruto de uma troca feita quando Gama capturou um mensageiro local e para devolvê-lo exigiu que lhe dessem um piloto como recompensa. De tão amistável e útil, Ahmad foi chamado de o “Bom Mouro”. Já João de Barros chama esse piloto de Malemo Cana e que por indicação do Rei se dispôs a ir com os portugueses. O fato é que se não fosse por um piloto da região provavelmente Gama não teria tido êxito, certamente. Finalmente com sua ajuda Gama chega a Calicute na Índia. Com enfatiza Elaine Sanceau : O esplêndido isolamento do Oriente acabara para sempre.
[1] Jean e Marie Pelt descrevem a citação do Rei Manuel sobre Marco Polo: “Riquezas que proporcionaram a Veneza, Gênova e Florença o poder e a grandeza.”
[2] Trecho do livro de Rosa Nepomuceno o Brasil na rota das especiarias.
[3] Paulo da Gama era um fora-da-lei, pois tinha sido acusado de ferir um juiz em uma briga, Vasco teve que interceder pedindo perdão ao rei para que ele pudesse embarcar.
por André Mafra
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