Publicado em 05/08/17

Marrocos, sua história e seus sabores

bandeira marroquina

Lançar-se ao Marrocos soa, ainda hoje, exótico, aventureiro e para os mais alarmados, até arriscado. Bobagem! Pisar em África, continente berço da civilização é uma necessidade. Suas maravilhas estéticas e culturais encantaram artistas como Alfred Dehodencq, Eugene Delacroix, Henri Matisse entre outros. Marrocos é realmente um destino inesquecível e isso não é apenas um jogo de palavras.

Passear nas Medinas das antigas cidades marroquinas é a melhor forma de sentirmos a alma do país, um vislumbre do viver em uma cidade medieval. A cidade de Fés, apelidada de a Meca do Oeste ou a Athenas da África por exemplo, com suas ruas estreitas, becos, portões e passagens apertadas, deixam nossos sentidos entorpecidos em um espetáculo de sabores, aromas e cores.

O que você vai fazer no Marrocos?

Que tal visitar uma herboristerie, onde se pode encontrar algumas especiarias raras e condimentos como o has el hanout, a raiz galanga, apelidada de vyagra dos mercados marroquinos, essências e o famoso óleo de argan? Estas são apenas algumas provocações para você repensar o seu próximo destino e incluir o Marrocos. Além disso o país pode ser um ótimo destino para:

  • No quesito Natureza o Marrocos não vai te decepcionar, dentro do pequeno território pode desfrutar de praias, de montanha, neves nos picos gelados dos Atlas no inverno com possibilidade de esqui, do deserto e muito mais;
  • O país tem sua extensão banhada pelo mar em dois oceanos, o Atlântico à oeste e Mediterrâneo ao norte onde se encontram boas opções de surf e outros esportes;
  • As pequenas porções de deserto do início do Saara, como Merzouga e as dunas Erg Che Bi, são incríveis e tratam-se de destinos obrigatórios. Além dos desertos de dunas, há também opções de desertos de pedras com Zagora;
  • As imponentes cadeias de montanhas dos Atlas (high Atlas) são as responsáveis por tanta variedade natural no Marrocos. A cadeia cruza o país e oferece excelentes e maravilhosas opções de turismo como Tinghir, uma dos lugares mais lindos que visitei
  • Se você se interessa por história, que tal visitar ruínas romanas de Volubilis, ou a cidade velha da incrível medina de Fès, além das cidades que contam um pouco da história dos Descobrimentos como antiga cidade portuguesa de Arzila, atual Assilah, Tânger, Ceuta e outras, além da tradicionalíssima Marraquesh que mostra muito do desenvolvimento da mistura da cultura árabe com as antigas tradições berberes do deserto;

Sugestão de roteiros

Fiz dois roteiros interessantes que quero compartilhar contigo. Em ambos eu aluguei carro e não me arrependi e faria desta forma pela terceira vez.

Roteiro 1

Tânger-Assilah-Fès-Merzouga(Deserto)-Ouazarzate-Marraquesh

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Roteiro viagem 2012

Tânger-Assilah-Fès-Merzouga(Deserto)-Ouazarzate-Marraquesh

Este é um roteiro que consome no mínimo 15 dias do seu planejamento, fazê-lo em menos tempo seria corrido demais. Teria sido mais fácil atravessar da Europa para a África de avião, mas minha decisão de percorrer o trajeto por via marítima teve outra motivação: a de reviver um pouco do que foi a experiência daqueles navegadores que comandaram incríveis expedições.

Estava acompanhado de um grupo de alunos e de um amigo que nos encontrou na cidade do Porto, em Portugal. De lá partimos em voo direto para Málaga, onde na praia encontrei uma simpática escultura de areia que para minha surpresa indicava o nome da praia: malagueta! Não podia me sentir mais à vontade do que naquele momento.  Após um passeio pela praia com nome de pimenta, tivemos o prazer de desfrutar de uma fantástica paella de vegetais[1], para no dia seguinte, logo cedo embarcarmos em um ônibus para Tarifa, para de lá chegarmos ao nosso destino: Tânger, no Marrocos.

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Cruzando de Tarifa para Tânger em ferryboat, foto: Karina Cordeiro 2012

Deixar a Europa em direção a terras desconhecidas me deixou, confesso, apreensivo, mesmo sendo tão perto da Europa, o simples fato de mudar de continente fazia daquela viagem algo singular.  Organizei meu roteiro focando em lugares relevantes relacionados ao início da expansão portuguesa e logo não estaria no circuito tradicional do turista comum. Sem guias de viagem e fora das excursões convencionais, como estariam hoje as terras do Magreb? Será que era seguro? Como as moças de nosso grupo deveriam se portar e que roupas deveriam usar? Foram muitas as questões que passavam pela cabeça.  Mas assim mesmo tomamos o ferry sem olhar para trás.

Um pouco mais de uma hora de deslocamento foi suficiente para chegarmos. Um dia lindo de verão nos ensinava que chegávamos ao berço do Saara. As primeiras placas em francês e árabe marcavam a singularidade daquele território. Em Tânger, após um pouco de suor e caminhadas, chegamos até uma das avenidas principais a Mohammed V, nome do antigo rei marroquino responsável pela independência do país em 1956, onde alugamos um carro e seguimos para nosso destino: a cidade de Assilah.

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Trecho de Tânger até Assilah (antiga cidade portuguesa de Arzila) no litoral Atlântico, 2012, foto: karina Cordeiro

Chegar até Tânger de ferry foi uma experiência marcante. Mas seguir viagem por terra era uma forma de sentir o país intensamente. Percorremos, então, 50 quilômetros de carro, um trajeto fácil e encantador pela costa do Atlântico. O pôr do sol de raios alaranjados iluminavam nossos rostos, enquanto a pacata cidade marroquina de Assilah nos recebia. Ainda me sentia confuso com tantos deslocamentos; havia acordado em Málaga, na Espanha, e ao fim da tarde me encontrava na África, naquela mesma praia em que, séculos atrás, os lusos haviam desembarcado, enfurecidos por conquistá-la.

A antiga capital imperial marroquina de Fés e suas especiarias

Através das preciosas dicas dadas em Assilah por Maria, uma simpática espanhola proprietária da pousada/hotel onde nos hospedamos, que partiu para Marrocos em busca de trabalho em épocas de crise, partimos de carro em direção ao interior do país para a cidade de Fès a mais antiga do Marrocos. Destaque para os lindos campos de girassóis que embelezavam nosso caminho pela estrada.

Diferentemente de Assilah, Fès não tem nada de calma e como muitas cidades antigas, é composta da parte nova, construída durante o protetorado francês, e da parte antiga onde temos a Medina. Em meados do século XII, Fès tornou-se a capital imperial dos Almorávidas período no qual ficou conhecida como o centro do saber e da cultura islâmica, apelidada de a Meca do Oeste ou a Athenas da África. Anos depois, com o reinado de Mulay Ismail, a capital marroquina foi translada para Meknès e o reino de Fès progressivamente perdeu força.

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Escadaria na Medina de Fès no Marrocos, 2012

Atualmente Fès não é a cidade mais visitada pelos turistas. Marraquesh, Rabat, a capital e Casablanca abarcam a maior parte do turismo marroquino. Se você busca reviver o que eram as antigas cidades medievais e toda sua atmosfera, não deixe de visitar a Medina da cidade velha de Fès.  Medina significa cidade em árabe e é onde se concentra muito do comercio popular, um labirinto de inúmeras ruas estreitas, becos, grandes portões de entrada e passagens apertadas que não permitem nem a passagem de um pequeno automóvel. É na Medina que sentimos a alma da cidade.

Orientados pela nossa guia Wafa Azhar, que ao fim virou uma querida amiga, pudemos percorrera as ruas estreitas da cidade velha, adentrando vielas e pátios que só poderiam ser revelados com ajuda de um profissional. Não custa lembrar que não foram poucas vezes que falsos guias vieram se oferecer para nos ajudar a entrar ou sair da cidade velha, mas foram prontamente dispensados pela poderosa Wafa, que educadamente esfregou seu crachá aos importunadores pretendentes a guia.

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Praça El-Seffarine, medina de Fès, 2012

Os artesãos do El-Seffarine, praça onde os artesãos locais manipulam o bronze e a prata produzindo peças de uma beleza incrível, nos faz duvidar do que o ser humano é capaz! Joias, tecidos, cerâmicas e quinquilharias de todas as vertentes fazem desse grande mercado um local inesquecível.

Subimos em um local mais alto do qual podíamos ver a cidade velha e naqueles breves instantes de contemplação imaginei a agonia, quinhentos anos antes, de D. Fernando, o príncipe caçula, capturado pelos mouros na tentativa frustrada dos portugueses de tomar Tânger em 1437, como citei anteriormente. Suas cartas desesperadas clamando pelo seu resgate não foram atendidas pelo seu irmão, o rei D. Duarte, que lá o deixou naquele emaranhando de becos e ruelas estreitas, durante anos apodrecendo em alguma enxovia escura até a sua morte.

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Vista impressionante da Medina de Fès, foto Karina Cordeiro, 2012

Sofrimento e histórias aflitivas à parte, ao caminhar pela Medina nossos sentidos são brindados com um espetáculo de sabores, aromas e cores. Visitei alguns interessantes estabelecimentos, conhecidos como herboristerie, onde pude encontrar algumas especiarias que só havia obtido conhecimento por meio de livros, nelas além de condimentos encontramos muitas ervas, essências, perfumes e o famoso óleo de argan.

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Galanga de Fés, foto Karina Cordeiro

Na primeira delas, encontrei a rara pimenta longa e a raiz galanga, apelidada de vyagra dos mercados marroquino! Conheci também misturas de temperos locais genericamente chamados de currys com suas versões preta, vermelho e branco. Também travei contato com perfumadíssimo almíscar e o chamado anis preto, que mais tarde descobri que se tratava de sementes de nigela, muito bom para desobstrução nasal. Mas, das especiarias marroquinas, a mais popular é sem dúvida alguma o has el hanout uma mistura de mais e quarenta especiarias.

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Sowak, foto Karina Cordeiro

Dentre outras curiosidades, encontrei uma ancestral de nossa escova de dentes, tratava-se de uma fita de casca de árvore de noz chamada sowak, segundo a tradição popular, usada para limpar e clarear os dentes, além de tonificar as gengivas. Esta fita de material vegetal vem enrolada em pequenas porções e vendidas por um preço bastante acessível, seu gosto é amargo como o de qualquer casca de árvore que você resolva mascar, como pude comprovar.

Após desbravar a intensa Fès, nos deslocamos para o deserto, onde estive nas maravilhosas dunas de Erg Che bi, que fazem parte da extensão do Saara dentro do Marrocos e estão localizadas muito próximas da instável fronteira com a Argélia. Saímos cedo de Fès em direção ao sudeste, cruzando os High Atlas, a grande espinha dorsal de montanhas que separam o oceano do deserto. Suas grandes encostas, planaltos áridos e multicores, florestas de cedro e lagos fizeram dessa rota a mais linda que percorri em toda minha vida. Um espetáculo de embasbacar qualquer mortal.

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Pastor de cabras na estrada Fés-Merzouga, foto Karina Cordeiro, 2012

Deslocar-se do Norte para o sul significava travar contato com os primeiros habitantes do Marrocos: os berberes. Eles compõem uma boa parte da população marroquina e suas tradições culturais são resultado da fusão de suas próprias com a estrangeira árabe. Podemos, assim, definir a cultura marroquina como uma mistura de tradições berbere, árabe e europeia, em especial Espanha e França.

Ainda hoje, são poucos os meios de se desbravar o deserto: ou utiliza-se dos antigos camelos, ou de um carro munido de tração 4×4 e guiado por um bom condutor. Seguimos, com meu honesto carro alugado, que nem de longe parecia ter tração competente para encarar dunas, cruzando pequenos vilarejos, até cruzar o povoado de Merzouga. Pouco depois, funcionários do hotel em que nos hospedamos nos encontraram à beira da estrada e nos conduziram por uma rota apenas visível apenas para os acostumados ao Saara.

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Dunas de Erg Chebi, sudoeste marroquino, 2012

Parecia difícil de acreditar, mas havia chegado ao Saara e por lá eu iria repousar. Dentre os clássicos passeios turísticos oferecidos, um dos mais tradicionais é o de passar uma noite em tendas deslocados por camelos. Mais do que um exótico entretenimento, passar uma noite no deserto, abrigado em tendas deslocadas, teve para mim um significado especial. De alguma forma, pude vivenciar um pouco do que os deslocamentos pelas antigas rotas das caravanas comerciais costumavam ser, sentindo na pele o calor intenso do deserto. Geralmente esses passeios são feitos com saída no fim da tarde, já que no sol a pino o calor chega a mais de 50 graus no verão.

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Sim! Encontrei a última coca-cola do deserto, jé em minha segunda viagem, 2016

O ar seco formava uma paisagem única e, ao mesmo tempo, tão igual ao cenário de séculos atrás. Foram menos de 2 horas de deslocamento vagaroso no lombo do camelo. Ao início do passeio, parti como um rico mercador ou sultão do deserto; no fim, estava em frangalhos, mais parecido com um cativo cristão capturado. Entendi na pele o porquê do valor altíssimo das especiarias e dos demais objetos que aqueles homens e camelos carregavam.

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Passeio no pobre camelinho do Auberg du sud, 2012

Roteiro 2

Marrakesh-Tinghir-Dunas de Erg Chebi-Ouazarzate-Marrakesh

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Roteiro segunda viagem, 2015

Neste segundo roteiro, mais uma vez estávamos em grupo, acabei por organizar uma viagem com mais de dez pessoas, diferente da primeira onde estávamos em quatro somente. Tendo menos tempo, organizei algo mais objetivo com enfoque na visita ao deserto.

Desta vez o objetivo foi explorar melhorar Marrakesh.  A antiga cidade imperial havia sido o último destino em 2012 e agora revisitá-la em 2015 parecia ser intrigante. Para tanto, resolvi ficar novamente instalado na medina (cidade velha) de Marrakesh, só que agora bem mais para dentro, um pouco mais longe dos turistas da “muvucada” praça Jma El Fna. A escolha foi boa e a experiência desta vez em Marraquesh acabou por ser bem mais rica.

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Rua principal de Tinghir, 2015, foto Milena Sandoval

Saindo de Marrakesh alugamos um carro com destino as maravilhosas montanhas dos Atlas, o destino foi Tinghir. O pequeno vilarejo de uma rua apenas encontra-se na entrada das maravilhosas e gigantescas montanhas de pedras cortadas por vales com rios e vegetação concentrada. Chegar tarde da noite, protelou nossa experiência de desfrutar de um dos visuais mais lindos que já tive de uma janela.

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O incrível vale de Tinghir, 2015, foto do autor

Após longas caminhadas, muito calor, muita sede e visuais deslumbrantes nos deslocamos novamente para o deserto, que já contei no início da postagem, fizemos o retorno via Ouazarzate, uma simpática cidade onde se pode visitar o museu do cinema e alguns tranqueiras de um monte de filmes já rodados pela região. Muito perto de lá está o Ait Ben Haddou, antigo vilarejo de casas que ficou eternizado por lá ter sido feito parte do filme americano Gladiador (Gladiator, 2000) dirigido por Ridley Scott.

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Ait Ben Hadou, 2012

Lugares para comprar especiarias no Marrocos

Marrakesh

Herbosterie Des Gazelles –

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Amigos e Ahmed Elaskandari na Herbosterie Des Gazelles, foto Milena Sandoval

A Herbosterie Des Gazelles é de uma camarada que é um verdadeiro show man, o Ahmed. Amigo de um dos funcionários de um Riad que fiquei em Marrakesh, Ahmed nos fez questão de um tratamento tipicamente acolhedor, marcamos um visita em sua loja e ele nos preparou uma apresentação detalhada de todos os seus principais produtos, um querido e o resultado e que vendeu um montão. Escreva para ele no e-mail malak.elaskandari@gmail.com ou whatsapp+212 648580835 e marque uma visita. Recomendo.

Onde se hospedar no Marrocos

Marrakesh

  • Riad Safir Marrakech & Spa

O simples e aconchegante Riad foi uma boa alternativa e serve para aqueles que querem mergulhar dentro da Medina e conhecer uma Marrakesh mais autêntica. De spa não tem nada. Pode ser agendado pelo site do airbnb. Riad Safir Marrakech & Spa141 Derb Aghrab Bab Aylan, Marrakesh, Marrocos. Telefone: +212 638-929039 . Fale com Brahin.

  • Hotel Dar Al Assad – De um antiquario francês (2012) o agradável Riad é pequeno e bem próximo da praça Jma El Fna. Bons para grupos pequenos ou casais. tel.: 0661 23 7829

Assilah

  • Hotel Alba

O agradável Hotel Alba situado na pequena cidade no litoral Atlântico do Marrocos é de donos espanhóis e pode ser uma gostosa alternativa para você dar uma paradinha em Assilah. Foi por lá que tomei um dos cafés da manhã mais agradáveis do país. Tel.: +34649182884, hotel.al.alba@gmail.com

Tinghir

  • Riad Dar your

Tinghir é um vilarejo para você deixar suas coisas, toma um bom banho e comer bem. O Dar your é honesto e entrega esta proposta. Recomendo.  Ligue lá e procure o Adan, tel+212 524 89 52 71 – +212 0 672521251 driadtinghir.com ouwww. daryour.com.

Dunas de Erg Chebbi

  • Auberg Du Sud

Sim, no meio das Dunas na distrito de Merzouga, o Auberg Du Sud é um oásis no meio das areias do Saara. Fique por alguns dias e procure quartos com ar condicionado que funcione. Já há novas opções mais luxuosas e mais caras lançadas em 2017. Vá agora! Auberge Du Sud -Ras El Erg, Merzouga – sahara. Fale com o Moha +212 661 216 166. www.aubergedusud.com

Ouzarzatee

Hotel Riad Dar Chamaa

Simpático e agradável hotel que pode ser usado como passagem em deslocamento de Marrakesh para o deserto. Fique por lá e recarregue suas baterias e aproveite a agradável piscina e a boa comida. Hotel Riad Dar Chamaa – Tajdar B-P 701 Tel: (00212) 524 854 954 – info@darchamaa.com.

[1]             Incrível como há inúmeras opções de pratos sem carnes, mesmo em locais cuja tradição utiliza-se prioritariamente de carnes e frutos do mar.

Para saber mais leia os artigos

Deserto do Saara e as caravanas do deserto;

 

 

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Mafra lake

Andre Mafra

  Estudioso da área de culinária desde 2010, dedica-se a pesquisar e estudar sobre alimentação e especiarias. Realizou viagens aos… Continue lendo.

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