Publicado em 01/07/22

8 de julho de 1497 – Vasco da Gama parte de Lisboa em direção as Índias

Vasco Da Gama

A partida de Vasco da Gama para a Índia

Após saber do êxito da expedição espanhola conduzidas por Colombo em 1492, Portugal almejava mais do que nunca chegar às Índias, a terra das Especiarias. Vasco da Gama parte para a Índia em 8 de julho de 1497 levando em seus barcos o experiente navegante Bartolomeu Dias, aquele mesmo que havia dobrado anos antes o cabo da Boa Esperança. Gama recebeu instruções valiosas de Dias que por muito pouco não foi nomeado chefe da expedição pelo coroa portuguesa.

Tumba de Vasco da Gama, Mosteiro dos Jerónimos, 2011, foto do autor
Tumba de Vasco da Gama, Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa 2011, foto do autor

Inspirado pelas fantásticas histórias de Marco Polo[1], Gama foi buscar aquilo que os Europeus fantasiavam com o paraíso na Terra, um oriente mágico com suas rotas secretas, um “éden de pomares e jardins perfumados com maças, peras damascos, pêssegos, uvas, rosas, ervas, campos de açafrão e de papoula, árvores de zimbro, fartura de pimentas, cominho e de especiarias[2]. Mas antes de por lá desembarcar teria que se contentar com uma ração composta de poucas quantidades de carne de boi ou porco, biscoitos duros, pouca água e vinho, vinagre e azeite.

Antes de embarcar, umas sequências de atos religiosos tinham como função abençoar aqueles corajosos navegantes. Os sacerdotes junto às embarcações trataram de absolver antecipadamente os navegantes que viessem a falecer durante a jornada, neste momento houve grande comoção por parte da população que irrompeu em lágrimas. João de Barros, grande historiador do período acrescenta ainda: De onde com razão lhe podemos chamar praia de lágrimas para os que vão, e terra de prazer aos que vêm.

Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa, 2016, foto do autor
Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa, 2016, foto do autor

Com apenas três naus, uma na veta para os mantimentos e mais 170 homens, Gama partiu de Lisboa em oito de julho de 1497. Dentro da pequena frota que iria marcar história havia competentes homens do mar. As naus eram a São Gabriel comandada por Vasco da Gama e tinha como condutor Pero de Alenquer, um piloto experiente já havia viajado com Bartolomeu Dias anteriormente. Já a São Rafael era capitaneada por Paulo da Gama[3] seu irmão, era pilotada por João de Coimbra e tinha como escrivão João de Sá. A Berrio ou São Miguel tinha como capitão Nicolau Coelho, seu piloto era Pero Escobar e Álvaro Braga era o escrivão, e finalmente a naveta de mantimentos era comandada por Gonçalo Nunes.

Vasco da Gama tinha a sua disposição o máximo da tecnologia portuguesa na construção de novas naus, muito diferentemente daquilo tudo que havia disponível até então. A empreitada portuguesa era a mais audaciosa da história daqueles últimos séculos, tratava-se de um dos momentos mais importantes do século XX.

Gama seguiu navegando para oeste utilizando-se da mesma manobra anterior de Dias, afastando-se da costa africana e por pouco não veio parar no Brasil. Gama chegou a avistar aves que voavam em direção a oeste, uma indicação clara de que havia terra por perto, mas seguiu por leste tornando-se o segundo homem a dobrar o antigo Cabo das Tormentas rebatizado por D. João II de Cabo da Esperança.

Depois de dias difíceis na tentativa de efetuar o contorno do continente africano,  Gama em duras negociações em Melinde conseguiu um feito extraordinário: agregou um piloto árabe a sua frota, seu nome era Ahmad ibn Madjid, mas chamado pelos portugueses de El- Melindi. Ahmad foi um dos muitos pilotos árabes que passaram por Gama, ele no caso foi fruto de uma troca feita quando Gama capturou um mensageiro local e para devolvê-lo exigiu que lhe dessem um piloto como recompensa. De tão amistável e útil, Ahmad foi chamado de o “Bom Mouro”. Já João de Barros chama esse piloto de Malemo Cana e que por indicação do Rei se dispôs a ir com os portugueses. O fato é que se não fosse por um piloto da região provavelmente Gama não teria tido êxito, certamente. Finalmente com sua ajuda Gama chega a Calicute na Índia. Com enfatiza Elaine Sanceau : O esplêndido isolamento do Oriente acabara para sempre.

[1]             Jean e Marie Pelt descrevem a citação do Rei Manuel sobre Marco Polo: “Riquezas que proporcionaram a Veneza, Gênova e Florença o poder e a grandeza.”

[2]             Trecho do livro de Rosa Nepomuceno o Brasil na rota das especiarias.

[3]             Paulo da Gama era um fora-da-lei, pois tinha sido acusado de ferir um juiz em uma briga, Vasco teve que interceder pedindo perdão ao rei para que ele pudesse embarcar.

por André Mafra

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Andre Mafra

  Estudioso da área de culinária desde 2010, dedica-se a pesquisar e estudar sobre alimentação e especiarias. Realizou viagens aos… Continue lendo.

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