Publicado em 01/06/17

Irã, a terra dos arianos

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Irã é uma palavra sânscrita cujo nome serviu para designar a antiga Pérsia e significa –  terra dos arianos ou terra dos nobres. Sendo nômades, ficaram conhecidos por se deslocarem a cavalo, a criar gado e utilizarem da tração animal para deslocamento de cargas em veículos com rodas. Podem ser chamados de os primeiros iranianos de verdade, afinal seu nome, Aryans deram origem ao nome do país.

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Cidade de Shiraz no Irã, foto do autor, maio 2017

Não custa lembrar que o termo ariano foi erroneamente vinculado a uma suprema superioridade étnica pelas teorias alucinadas do Sr. Hitler e o país talvez seja o território de maioria islâmica em que há maior tolerância religiosa e social para com as comunidades judaicas[1].

A história dos antigos áryas na Pérsia é incerta e suas características nômades deixaram poucos rastros em seu período, para melhor contextualizar foi na região da cidade de Shiraz ao centro-sul do país é que encontramos os traços dos antigos áryas e sua colaborações para a formação do que viria a ser o império persa Aquemênida, eternizado na história pela figura de seus ilustres líderes como Ciro e Xerxes. Foi a migração do áryas para a Índia que deixaria para posteridade os traços das fortes influências desta impactante civilização.

Sobre os arianos e a ocupação da Índia

Os áryas são conhecidos por serem grupos nômades surgidos na Ásia Central cujas migrações mudaram a história do mundo que conhecemos hoje. Exemplo mais conhecido é a ocupação do leste do atual Paquistão e noroeste da Índia  à partir da segundo milênio a.C. , sua entrada ocorreu pelo mesmo caminho que todos os invasores por terra o fizeram, cortando os himalayas pelo Hindu Kush que séculos depois iria assistir a entrada do macedônio Alexandre.

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Ruínas de Persépolis cidade persa destruída por Alexandre, foto do autor, maio 2017

Com a chegada dos áryas, que de nobres não tinha nada pois viviam sobre o couro de cavalos migrando e pilhando, a próspera e sedentária civilização dravídica ou harappiana pouco a pouco se enfraqueceu e seus habitantes foram migrando para o sul e centro da atual Índia. O choque de culturas foi imenso, as tradições matriarcais dos antigos drávidas foi quase extinta e acabou suplantada pela supremacia patriarcal dos guerreiros bárbaros arianos.

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Pilão e almofariz dos antigos drávidas, Museu Nacional de Delhi, foto do autor, 2013

Após a ocupação do território, ocorreu algo que por diversas vezes aconteceu na história[2], o nômade se sedentarizou, os férteis terrenos indianos a margem do ganges sossegaram o ímpeto desbravador do árya que por lá se estabeleceu.

O sincretismo das tradições dravídicas adquiridas do encontro com os autóctones e os elementos daquela nova cultura fizeram surgir os primórdios do hinduísmo, chamado de vêdismo. Dos conflitos entre tribos em busca da supremacia de algum clã, surgiu também o princípio que veio a dar em grandes épicos como o Mahábharata.

O atual Irã é uma república islâmica desde 1979 de maioria xiita, o Estado ser fortemente influenciado pela religião formando uma teocracia- ainda hoje, leva muito gente a pensar que o país é de tradição árabe, o que é uma gafe, pois são persas. Do antigo período do áryas na região temos algumas escassas influências que ainda resistem, mas que influenciaram a cultura persa como na gastronomia, na formação do antigo idioma farsi, na música, nos costumes de tribos ainda nômades e alguns outros.

por André Mafra

[1] Durante a formação do Estado de Israel em 1947, o Irã foi um dos primeiros países do Oriente Médio a reconhecer o novo Estado judeu. A aproximação foi parte da estratégia orquestrada pela principal liderança sionista David Ben Gurion que se aproximou dos países da região que não eram de tradição árabe.

[2] Temos para exemplificar o caso dos turcos otomanos que se sedentarizaram na Anatólia, interior da atual Turquia, os mongóis descendentes de Gengis khan que desceram de seus cavalos na China entre tantos outros.

3 pensamentos em “Irã, a terra dos arianos”

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Andre Mafra

  Estudioso da área de culinária desde 2010, dedica-se a pesquisar e estudar sobre alimentação e especiarias. Realizou viagens aos… Continue lendo.

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