Publicado em 10/11/17

Paradigma indiano no uso de condimentos

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Entrada, prato principal, sobremesa e higiene bucal

Viajar pela Índia pode ser uma ótima oportunidade para se mergulhar no universo de utilizações dos condimentos. Simplesmente tudo tem a presença das célebres especiarias, não apenas os óbvios curries e pratos indianos já tão conhecidos no ocidente, mas também nas sobremesas, nos chás e em tudo que você puder imaginar.

Algo que tem crescido bastante nos países emergentes[1] é o consumo de produtos de beleza e estética, e é claro que na terra de Gandhi eles são compostos de muitas ervas e especiarias.

fresh mouthers. Foto: Karina Cordeiro
fresh mouthers. Foto: Karina Cordeiro

Passeando por pequenas farmácias no interior do país, mais precisamente na cidade de Khajuraho, encontrei uma curiosa pasta dental de nome ainda mais interessante: Patañjalí. Sua cor amarronzada não agrada visualmente preciso confessar, já que o padrão que nos acostumamos para este tipo de produto é outro, mas seu sabor e seus efeitos me agradaram muito. Como é típico da Índia, sente-se muito a ardência do mundaréu de especiarias que habitam aquele tudo da pasta de dente do sábio de mil cabeças[2]. Sua fórmula agrega muitas ervas e plantas que fazem do creme dental um ótimo bactericida e funções anti-inflamatórias da quais o próprio cravo, a cúrcuma, a hortelã e o neem[3] também bastante usado na composição dos produtos para higiene bucal.

Outra curiosidade encontrada por lá foram os mouth refreshers, um amontoado de especiarias ingerido ao final das refeições, todo restaurante possui um pote em que o cliente pode se servir, para atenuar um eventual excesso do animado cliente. Um punhado é o suficiente para ter uma digestão melhor e afastar o hálito de onça. Demais, não é mesmo? As receitas são muitas, mas em geral, o básico é composto de: semente de funcho, semente de coentro, açúcar, sementes de gergelim, tâmaras secas, e outros ingredientes.

por André Mafra


[1]              BRIC é a sigla formada pelas iniciais de Brasil, Rússia, Índia e China.

[2]              Patañjalí é um nome de um sábio que acredita-se que tenha vivido na Índia entre os século II ou IV a.C e uma de suas formas eternizadas na tradição é de uma serpente com mil cabeças que representam as mil ciências que dominava. Escreve o célebre shástra Yôga sútra.

[3]              A melhor grafia utilizando o híndi é ním. A forma neem é a escrita com influência o inglês no idioma local. O mesmo ocorre com o termo pújá grafado pooja.

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Autor
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Andre Mafra

  Estudioso da área de culinária desde 2010, dedica-se a pesquisar e estudar sobre alimentação e especiarias. Realizou viagens aos… Continue lendo.

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