Publicado em 24/09/18

Córdoba e a cidade de Averroes, um dos filósofos da obra: a Escola de Atenas de Rafael

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O esplendor de Al-Andaluz

A contribuição do mundo islâmico para o Ocidente é imensa. A Espanha muçulmana cuja ocupação moura se deu por mais de 700 anos marcou profundamente a formação da cultura européia e consequentemente de todo o Ocidente tanto em aspectos culturais como gastronômicos.  A ocupação iniciou-se no ano de 711 d.C. com a tomada do estreito de Gibraltar por Tariq ibn Ziyad que foi governador muçulmano de Tânger no Marrrocos. Após uma ocupação feroz, rápida e organizada nos primeiros anos do século VIII, os mouros se estabeleceram na península Ibérica por séculos passando por algumas ondas de instabilidades e fragmentações em sua forma de ocupação que perduraram até o fim do século XV.

O estreito está localizado a extremo oeste do Mediterrâneo e é rota de acesso ao Atlântico. O termo Gibraltar é corruptela do termo árabe Jabal Al-tariq que é traduz como montanha de Tariq.

Anos depois Córdoba foi escolhida como a capital onde foi fundado o Califado de Córdoba por Abderrahmen I em 755 d.C descrito como um home alto, vigoroso, valente e esmeradamente muito educado[1], foi o responsável pela manutenção da dinastia dos Omeyas[2] do qual era um fugitivo de uma perseguição que quase tinha extinguido sua estirpe.  A cidade se encontra em um vale muito fértil e cortada pelo importante rio Guadalquivir cuja ponte que o cruza remonta o tempo dos romanos é ponto clássico dos turistas que se deleitam para assistir ao do sol e vislumbrar os contornos da imponente Mesquita/Catedral de Córdoba.

Mesquita e Catedral de Córdoba
Mesquita e Catedral de Córdoba, foto do autor 2014

Sua construção ainda atrai milhares de visitantes, um misto de beleza e perplexidade nos invade ao travar contato podem contemplar a selva de arcos em ferradura típica da arquitetura moura do leste que se mescla com elementos posterior Catedral bizarramente construída no meio da antiga mesquita. Na filosofia, entre muitos estudiosos e sábios, destaca-se o cordobense Averroes.

Córdoba moura chegou a ter mais de 200 mil casas e atingiu sue máximo esplendor virando referência como uma das maiores e mais importantes cidades da Europa medieval, chegou a ter mais de 200 mil casas com uma economia agrária forte muito desenvolvida. Foram os responsáveis pela introdução do cultivo do arroz, da cana de açúcar, laranja, algodão, azeite e azeitonas, e muitas outras especiarias e produtos encontrados somente no Oriente. A produção por meio do porto de Sevilha era exportada para diversas cidades no Marrocos e Egito além das importantes Meca, Bagda e Damasco. Acredita-se que a cidade chegou a ter mais de 13 mil trabalhadores de tecelagem, junto com Málaga, desenvolveram o tingimento de couros e a produção de caros tecidos por meio do cultivo do bicho da seda, conhecimento que se perdeu com a expulsão dos mouros ao fim do século XV.

[1] Prof, Gonzalez Palencia em Historia de La España musulmana, página 16

[2] Os Omeyas formaram a primeira dinastia do Islã cuja capital se estabeleceu na cidade de Damasco na Síria e durou por quase um século de 660 d.C até 750 d.C. Com Abderrahmen I em 755 d.C, criou-se  a dinastia dos Omeyas independente dos califas de Damasco.

Sobre Averroes

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Ibn Rushd, nascido em 1126 na belíssima Córdoba, cidade ao sul da atual Espanha, onde se iniciou a hegemonia moura. Conhecido como Averroes, foi o mais renomado pensador islâmico de sua época, comentador e defensor categórico do pensamento aristotélico. Tornou-se um dos filósofos sarracenos mais conhecidos e influentes no Ocidente. Em um de seus textos, discorreu sobre as pimentas, classificando-as em quentes ou frias, secas ou úmidas.

Averroes dividiu seu tempo entre a cidade onde nasceu, Sevilha, o norte da África no Marrocos. É retratado com um dos sábios no famoso afresco de Rafael A Escola de Atenas[1], assim equiparado a Aristóteles, Platão, Zaratustra, Pitágoras, entre outros célebres. Sua visão racionalista sobre o Corão fez com que fosse exilado em Marraquesh, onde morreu em 1198.

[1]             Jonathan Lyons em seu livro A Casa da Sabedoria, página 217.

Por André Mafra

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Andre Mafra

  Estudioso da área de culinária desde 2010, dedica-se a pesquisar e estudar sobre alimentação e especiarias. Realizou viagens aos… Continue lendo.

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