Publicado em 16/01/17

Vamos entender mais sobre a Constantinopla de Justiniano

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Deus seja louvado, que me considerou digno de terminar este templo
e de te ultrapassar  mesmo a ti, ó Salomão! ”
Frase de Justianiano comparando a obra da majestosa Basílica
 de Hagia Sofia com o Templo de Salomão erigido em Jerusalém

O auge da pólis de Constantino e o Império Bizantino

Tão logo a nova capital do Império Romano foi estabelecida, a cidade passou por grandes reformas e construções. A mais expressiva foi, decisivamente, a gigantesca Hagia Sofia[1]. Construída em apenas seis anos por Justiniano[2], marcou o clímax da engenharia antiga, tornando-se a obra mais espetacular da antiguidade cristã. A cúpula da basílica era a maior que o mundo havia visto até então, e rezava a lenda que suas portas seriam feitas da madeira da arca de Noé e que suas paredes ainda exalariam o cheiro do almíscar[3] – substância obtida das glândulas odoríferas do almiscareiro macho -, misturado na argamassa da construção.

Foi na Santa Sofia que houve a cerimônia da primeira coroação de um imperador nos moldes cristãos, no caso com Leão I, marcando definitivamente uma nova época na sociedade romana, agora com um caráter oficialmente cristianizado. A “Nova Roma” passou a ser chamada de a “Nova Jerusalém”, demonstrando a sua aspiração a ser também o centro da cristandade na Terra.

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Hagia Sofia, Istambul 2014, foto do autor

Seus arquitetos foram os gregos Anthemius de Tralles e Isidorus de Mileto eternizados na história, afinal sua concepção ainda hoje deixam estupefatos seus visitantes e representou a evolução e poder da cristandade oriental em comparação com o Ocidente, na época tomado pelas invasões de povos estrangeiros, intitulados de bárbaros. Roger Crowley resume o apogeu do Império Romano do Oriente assim: “A infraestrutura da cidade, a força das instituições do Império e a coincidência propícia de líderes ilustres em momentos de crise fizeram o Império Romano Oriental parecer eterno tanto para seus cidadãos quanto para seus inimigos”.

A cooperação entre a igreja e o império tornou-se indiscutivelmente um ponto fortíssimo para a estabilidade de ambos. Constantinopolitanos chegaram a somar 500 mil pessoas, mas alguns estudiosos defendem mais de 1 milhão. Este império durou 1.100 anos e nenhuma cidade na Europa alcançaria uma população semelhante nos mil anos seguintes[4].

A cidade de Constantino estabeleceu-se como a réplica do paraíso e seu imperador era considerado na época dos romanos o vice-rei de Deus na Terra.[5]  Admirava-se o talento, a sabedoria e os clássicos textos dos grandes filósofos. Segundo o estudioso bizantino Runcimam, graças aos sábios do império do romano do Oriente, muito do conhecimento da antiga Grécia manteve-se preservado. Eles foram os herdeiros da tradição grega e romana, berço da expansão cristã e, ainda, semeadores do áureo período chamado de renascentista, bem como do êxodo de notáveis do Oriente para a Europa ocidental a partir da tomada da cidade de Constantinopla pelos turcos.

[1]                Hagia Sofia significa Santa Sabedoria. É também conhecida somente como Santa Sofia.

[2]                Provavelmente sua construção tenha começado já com Constantino, mas foi na reforma de Justiniano que o modelo que encontramos hoje foi estruturado. Justiniano foi eternizado na história pelo grande livro jurídico do código do direito romano chamado de Corpus iuris civilis Justiniani ou somente Código Justiniano. Com Justiniano no poder, Constantinopla se tornou próspera e vários territórios foram novamente reconquistados, mas, com sua morte, o Império Bizantino nunca mais conseguiu recuperar o seu esplendor.

[3]                Segundo Tom Stubart, em Ervas, Temperos e Condimentos de A a Z, as paredes da atual mesquita ainda exalam o cheiro do almíscar (substância obtida das glândulas odoríferas do almiscareiro macho)  misturado à argamassa em sua construção.

[4]                Michael Krondl em o Sabor das Conquistas pág. 49.

[5]                Constantino, primeiro imperador cristão, se autointitula o 13º apóstolo!

 

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Mafra lake

Andre Mafra

  Estudioso da área de culinária desde 2010, dedica-se a pesquisar e estudar sobre alimentação e especiarias. Realizou viagens aos… Continue lendo.

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