Publicado em 01/12/21
1 de dezembro – Morre o cronista Gomes Eanes de Zurara
Trata-se de um dos cronistas mais importantes da história portuguesa, suas obras são de uma profundidade e uma paixão avassaladoras. Nascido entre 1410 e 1420 o cronista nos deixou as seguintes obras, das quais as duas abaixo tive o prazer de ler e que agregar na bibliografia do estudo do livro e deste site. Recomendo.
A figura de destaque do artigo é do Padrão do Descobrimentos, construído no período de Salazar, para enaltecer o período do Descobrimentos e que conta com os principais protagonistas do período.
ZURARA, Gomes Eanes de, Crónica da tomada de Ceuta, 2 ª edição, Introdução, seleção e notas de Alfredo Pimenta – Titular Fundador da Academia Portuguesa da História – Lisboa impressão em 1964, original escrito em 1450 – Divisão de Publicações e Biblioteca – Livraria Clássica Editora
ZURARA, Gomes Eanes de, Crónica dos feitos da Guiné, volume II, Lisboa impressão em 1949, original escrito em 1453 – Divisão de Publicações e Biblioteca – Agência Geral das Colônias
Segue abaixo a descrição feita pelo site do Padrão dos Descobrimentos em Lisboa sobre Zurara.
Em 1451, encontramo-lo como cronista-mor da Torre do Tombo, cargo que desempenharia até vésperas da sua morte. Poderemos estabelecer, no global das suas obras, duas áreas geográficas em que se verificou a intervenção portuguesa. A primeira área diz respeito à tomada de Ceuta, em 1415, ou seja, a fixação dos portugueses no norte de África. Assim, escreveu a Crónica da tomada de Ceuta (também conhecida por 3ª Parte da Crónica de D. João I) e as crónicas de D. Pedro de Menezes (primeiro governador de Ceuta) e de D. Duarte de Menezes, filho de D. Pedro de Menezes e capitão de Alcácer Ceguer.
A segunda área geográfica diz respeito ao avanço das navegações portuguesas exploratórias da costa ocidental africana e arquipélagos da Madeira e Açores. Para tal, escreveu a Crónica dos Feitos de Guiné (também conhecida por Crónica de Guiné), que, segundo a opinião de alguns autores, será uma refundição de duas obras suas, a Crónica dos Feitos de Guiné e um panegírico do Infante D. Henrique.
As suas Crónicas apresentam-se como panegíricos de algumas individualidades, príncipes ou cavaleiros, sendo um exaltamento dos feitos de uma aristocracia guerreira. A concepção da história de Zurara é cavaleiresca e providencialista, sendo praticamente omissa sobre os fenómenos colectivos que Fernão Lopes tão bem tinha descrito nos seus relatos. O estilo retórico e grandiloquente reforça a narrativa dos grandes feitos.