Publicado em 26/06/16
Alecrim
Espanhol: Romero;Português (Pt): Rosmaninho; Francês: Romarin; Inglês: Rosemary
Em minhas andanças pelo Marrocos, encontrei alecrim por todo lado. Em diversas cidades, a erva cresce como mato, sempre em terra seca. Não foi uma só vez que parei diante de um arbusto de alecrim para sentir seu perfumado aroma e esquecer um pouco do forte calor. Em Tinghir, belíssima região do vale do rio Todgha, conheci o alecrim selvagem, uma variedade mais rude do conhecido alecrim e por se tratar de uma região muito seca e pedregosa, esse chamado alecrim selvagem possui folhas mais rugosas e espinhos.
O Mediterrâneo é o berço do alecrim, nome que vem do latim e significa orvalho do mar, pois se desenvolve preferencialmente em regiões costeiras expostas à atmosfera litorânea – por isso, é chamado também de rosa marinha -, cujo solo é seco e rico em cálcio[1]. De um início restrito à costa mediterrânea, o alecrim espalhou-se por quase todo o mundo.
Diz a lenda que o pequeno arbusto só se desenvolve no quintal dos bons e justos – ainda bem que na pequena horta de casa ele vingou! Para os gregos, é considerada a flor por excelência e servindo para ornar a coroa na cabeça dos merecedores, fato que também ocorria com o louro. A utilização da erva teve grande prestígio durante a Idade Média e Renascença, quando sua utilização era associada à fecundidade e a diversos benefícios terapêuticos[2], que iam desde efeitos estimuladores até unguentos que faziam nascer cabelo!
No Brasil, seu nome é divertidamente usado para que as pessoas apareçam sorrindo nas fotos. Basta dizer “alecrim” enquanto o fotógrafo aperta o botão da câmera. E por falar em foto, ele está publicado neste livro junto a outras ervas mediterrâneas. Uma pena que a imagem não consiga expor o intenso aroma que toda a planta do alecrim exala.
O alecrim perfuma e realça o sabor dos alimentos, com a vantagem de ser uma erva perene, o que facilita o uso fresco desta especiaria. A versão desidratada pode durar por muitos meses, mas seu poder aromático diminui, mas o inconveniente é que suas pequenas folhas pontiagudas podem se desprender com facilidade do galho, cair no prato e desagradar os mais exigentes. Para evitar essa situação, sugiro utilizar galhos frescos inteiros no início do preparo dos pratos, mantidos durante o cozimento e retirados no final. Para que o alecrim não perca suas características, guarde-o em geladeira, em embalagem que não permita entrada de luz[3].
O alecrim fica muito bem quando utilizado em molhos de tomate, omeletes, sopas, pães de ervas, conservas, batatas e cenouras cozidas, tempero de azeitonas, cogumelos e até em sucos de frutas como o de limão! Outra boa utilização desta erva é no preparo de azeites aromatizados. Basta deixá-lo curtir em um recipiente junto de um azeite de boa qualidade. Impossível viver sem ele.
[1] Linguanotto em Dicionário de Ervas e Especiarias página 28.
[2] Optei por evitar divulgar os benefícios terapêuticos a fim de poupar o leitor de eventuais riscos à saúde. Sugiro a utilização de qualquer condimento com parcimônia e com o objetivo de dinamizar o sabor dos alimentos somente.
[3] Excelente dica de Roberto Araújo em seu Ervas & temperos, página, 16.