Publicado em 23/03/16
Portugueses se lançam em África – A busca por especiarias, ouro e escravos
Portugueses se lançam em África
“A história das explorações portuguesas não é uma história de homens exóticos e originais em pitorescos barcos demadeiras. É uma história de paixão, de sangue, de incomparável coragem,de majestosa arroubos de visão, da construção de nações e de impérios. É um drama encenado no palco do mundo.”
Ronald J. Watkins
A busca por especiarias, ouro e escravos
Com as portas fechadas para o Oriente com a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453, temos um momento histórico muito interessante que desenhou o surgimento de uma força dos países ibéricos, Portugal e Espanha, que iria sacudir o mundo e que determinou os destinos das Américas.
A Europa estava conspurcada de misticismo e supertições advindas de séculos de forte influência religiosa. Até meados do século XV, acreditava-se na existência de seres híbridos e até monstros[1] que habitavam terras longínquas, além das fronteiras conhecidas como além-mar, ou ainda ilhas e fundo de oceanos. Progressivamente, os europeus aperfeiçoaram a tecnologia da construção naval, desenvolveram a astronomia e romperam com antigos paradigmas e dogmas.
Venezianos e genoveses já navegavam com desenvoltura pelo sempre disputado Mediterrâneo, cujas águas calmas e limites geográficos facilitavam o comércio. No entanto, no caso dos lusos, sobrava a opção de encarar e domar o desconhecido e misterioso oceano Atlântico, que para os navegantes da época parecia não ter fim.
Ao final da Idade Média, havia a necessidade de uma solução aos preços praticados pela aliança árabe-italiana. Portugal sofria um forte revés em sua economia e o mercado carecia de metal, ouro e prata para cunhar moeda. A busca pelo comércio das especiarias consistia em um meio eficiente, mas não fácil, de expandir as atividades e estabilizar a situação econômica.
A burguesia e a nobreza também ansiavam por uma solução, enquanto o povo tinha a sede de consumo pelos produtos do Oriente. Podemos dizer que houve, nesse momento, uma união entre quase todas as escalas da sociedade. A nobreza apoiava e dava liberdade à nova burguesia, ávida por comercializar e ganhar o Oriente. Agricultores, jovens, crianças, sacerdotes, estudiosos – todos se uniram para o projeto de viagem ultramarina.
Tudo estava a favor dos portugueses. Havia um momento mágico nos mares asiáticos, pois Veneza estava totalmente empenhada no comércio no Mediterrâneo, enquanto franceses e ingleses se anulavam na eterna guerra dos Cem Anos. A China, por sua vez, retirava seu foco do comércio marítimo. Ou seja, favorecidos por esse contexto, os portugueses praticamente atingiram o monopólio do comércio nos mares da região.
[1] Destaca Luis Adão em De Vasco a Cabral, página 163.
por Prof André Mafra
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