Publicado em 23/03/16
A queda de Constantinopla – e o fechamento do Oriente para a Europa
A queda de Constantinopla – e o fechamento do Oriente para a Europa
Constantinopla tinha uma importância vital no comércio por terra e mar das preciosidades do Oriente e sua prosperidade econômica atraía comerciantes e visitantes de diversas partes do globo, todos fascinados por suas riquezas, entre elas seda[1], ouro, cera, marfim, âmbar, pérolas, peles, escravos e, claro, as supervalorizadas especiarias. Com uma política externa conservadora e tradicional, o Estado proibia a exportação de todos os produtos essenciais à saúde da economia, garantindo sua hegemonia comercial, e oferecia um forte sistema de ensino.
No esplendor desse império, Constantinopla constituiu-se como um centro de saber, comércio e expansão cristã. Foi considerada o centro do governo de Cristo na Terra e os bizantinos, seus habitantes, se autodeclararam líderes do cristianismo verdadeiro e seus missionários se espalharam pelas nações, entre elas as eslavas, a russa e outras. Por tudo isso, assumiu uma postura de papel de guardiã de diversas relíquias cristãs. Constantinopla não só admirada, mas desejada.
Desde sua fundação, os ataques foram muitos: só entre 600 d.C e 1100 d.C, a cidade foi sitiada nove vezes[2], já de 1123 até 1453, foram mais de vinte ataques, e sua persisntente resistência fez sugir lendas da invencibilidade de suas muralhas. Um dos principais fantasmas do Império Bizantino, os persas, com quem uma rixa perdurava desde a época dos gregos, foram finalmente derrotados em 628 d.C. Só que, mal comemoravam a vitória sobre os antigos inimigos, já nascia o movimento que mais ameaçaria Constantinopla: a expansão islâmica, cuja expansão se deu rapidamente após a morte de Maomé. O sonho do Profeta do Islã, dizia a lenda, era fazer da cidade o centro sagrado da fé islâmica. Após sua morte, os bizantinos perderam Jerusalém, Síria, Egito e outros tantos territórios considerados sagrados para a ortodoxia cristã bizantina, muitos locais por onde os grandes homens do cristianismo haviam se deslocado foram tomados, dos quais vários permanecem até hoje.
Não à toa, as riquezas e sua localização privilegiada a fizeram ser vítima inclusive de um ataque desferido por venezianos, a princípio defensores do cristianismo, cujo evento foi batizado de quarta cruzada em 1204, que por ironia acabou enfraquecendo em muito a cidade cristã de Constantino que iria sucumbir definitivamente ao Islã pelos turcos otomanos em 1453.
[1] A seda de Constantinopla era tingida com a chamada púrpura real, extraída de um molusco do gênero Murex. Sua cor era reservada aos membros da família imperial.
[2] Geoffrey Blainey em Uma breve História do Mundo.
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por Prof. André Mafra