Publicado em 20/11/19
A escolha de Cabral para a expedição que viria a descobrir o Brasil
Manuel tinha que resolver uma grande questão que era a case Índia de Vasco da Gama. O conflito diplomático gerado pela vista entre Vasco da Gama e o Samorim de Calicute, fez com que D. Manuel, rei de Portugal decidisse acelerar o processo de retorno à Índia para impressionar ao rája[1]hindu. Para o monarca português umas das principais missões de Pedro Álvares Cabral, naquele momento o homem escolhido para ir as Índias, era o de impressionar os rajás hindus com a pujança da frota lusitana abarrotando as naus com muitas moedas de ouro.
Em oito de março de 1500, num domingo, o monarca e a corte lisboeta em Belém reza uma missa adornada como a cruz da Ordem Militar de Cristo[2] que Cabral recebe ao fim da missa. Nesta missa o bispo de Ceuta D. Diogo Ortiz alude aos propósitos régios da expansão portuguesa na terra dos infiéis. A questão religiosa legitimava a busca pelo monopólio do comércio das especiarias, mas não deixava de ser um componente importante para dar força a aqueles homens. Definitivamente só o interesse pelo enriquecimento, e põem enriquecimento nisso, não eram com certeza, suficientes para promover a ida dos ibéricos ao mar Atlântico. É algo muito parecido com o pensamento medieval das cruzadas, era a legitimização da atuação portuguesa e a justificação até para invasões, saques e barbáries.
Pedro Álvares Cabral teve sua nomeação régia em 15 de fevereiro de 1500 como capitão-mor. Sua escolha marca um a escolha por uma viagem armamentista, fato que se reforça com a escolha posterior de Afonso de Albuquerque. A viagem de Cabral era a forma de criar um momento de afirmação político militar português na Ásia. Gama Voltaria à Índia mais duas vezes ainda.[3] Todos então se dirigem em procissão até a praia, solene procissão de relíquias e cruzes[4] onde o povo de Lisboa em festa se despede de Cabral e sua enorme armada.
Por André Mafra
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[1] Rája significa neste caso Rei, mas pode significar real, completo.
[2] Após décadas de perseguições e torturas sofridas pelos templários em toda a Europa e encabeçadas por Felipe o Belo, rei da França, os templários se reagruparam em pequenos grupos espalhados em poucos países. Em Portugal, eles fundaram a Ordem de Cristo novo nome dado a antiga Ordem dos Templários. A nova ordem tinha a missão de explusar os infiéis de Portugal e tinha como seu Mestre o infante D. Henrique o Navegador, o grande incentivador da expansão marítima portuguesa.
[3] Em sua terceira viagem em 1524, com 54 anos, Vasco da Gama adoeceu e faleceu.
[4] Descreve Barros que acrescenta: “ Com as quais diferenças que a visita e ouvidos sentiam, o coração de todos estava entre prazer e lágrimas, por esta ser a mais formosa e poderosa armada que até aquele tempo pêra tam longe deste reino partira”.