Publicado em 02/02/22

15 de fevereiro de 1500 – Cabral é nomeado para comandar a nova expedição às Índias

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Um dos maiores feitos históricos da Idade Moderna foi a chegada dos portugueses ao Oriente em 1498 com Vasco da Gama. O feito foi extraordinário e mudou a história do mundo para sempre. Como Constantinopla havia sido tomada pelos turcos em 1453, as portas por via terrestre estavam fechadas para o Ocidente e o comércio com das especiarias estava nas mãos apenas dos venezianos que ainda mantinham alguma forma de relação com os otomanos.

O ocidente precisa quebrar essa barreira e depois de Gama a conquista precisava ser sedimentada, para tanto, uma nova armada precisava ser enviada. A questão era, Gama novamente ou um novo modelo de empreitada deveria ser escolhido? A nova viagem à Índia precisava ser certeira, Pedro Álvares Cabral então foi o escolhido.

15 de fevereiro de 1500 – Cabral é escolhido para chefiar a nova expedição para a Índia

Cabral mantinha boa relação com a coroa portuguesa na época, sua escolha tinha um propósito que juntamente com um grande conjunto de outros cuidados tinha como meta impressionar o Rája hindu que tão subestimou Gama anos antes. Fica claro que a preferência régia por Cabral é resultado de uma mudança nos planos que estavam cabeça do rei português, de uma simples expedição comercial investigativa como foi a de Gama, a próxima esquadra a ser enviada necessitava de uma enfática militar que Cabral representava muito bem nesse novo momento.

Por isso D. Manuel disse a Cabral: ”Ireis ancorar em Calicute com vossas naus juntas e metidas em grande ordem, assim bem armadas, com de vossas bandeiras e estandarte, e mais louçãs que poderdes”.  Para tanto mandou abarrotar os cofres das naus de muito ouro, prata e moedas de todos os tipos.  Tanta demonstração de poder era por um poder ainda maior, o de dominar o riquíssimo comércio de especiarias entre o Ocidente e o Oriente.

A escolha de Cabral

Em oito de março de 1500, num domingo, o monarca D. Manuel e a corte lisboeta em Belém rezaram uma missa adornada como a cruz da Ordem Militar de Cristo[1] que Cabral recebeu ao fim da missa. Nesta missa o bispo de Ceuta D. Diogo Ortiz aludiu aos propósitos régios da expansão portuguesa na terra dos infiéis. A questão religiosa legitimava a busca pelo monopólio do comércio das especiarias, mas não deixava de ser um componente importante para dar força a aqueles homens. Definitivamente só o interesse pelo enriquecimento, e põem enriquecimento nisso, não eram com certeza, suficientes para promover a ida dos ibéricos ao mar Atlântico.

Belmonte terra natala de Cabral, Portugal
Belmonte terra natal de Cabral, Portugal. Foto do autor

Pedro Álvares Cabral teve sua nomeação régia em 15 de fevereiro de 1500 como capitão-mor. Sua escolha marca um a escolha por uma viagem armamentista, fato que se reforça com a escolha posterior de Afonso de Albuquerque. A viagem de Cabral era a forma de criar um momento de afirmação político militar português na Ásia. Gama Voltaria à Índia mais duas vezes ainda.[2] Todos então se dirigem em procissão até a praia, “solene procissão de relíquias e cruzes[3]” onde o povo de Lisboa em festa se despede de Cabral e sua enorme armada.

A partida de Cabral e sua parada estratégica resultaram no desembarque em terras brasileiras em 22 de abril 1500 e resto é história.

Por André Mafra

[1]             Após décadas de perseguições e torturas sofridas pelos templários em toda a Europa e encabeçadas por Felipe o Belo rei da França, os templários se reagruparam em pequenos grupos espalhados em poucos países. Em Portugal, eles fundaram a Ordem de Cristo novo nome dado a antiga Ordem dos Templários. A nova ordem tinha a missão de expulsar os infiéis de Portugal e tinha como seu Mestre o infante D. Henrique o Navegador, o grande incentivador da expansão marítima portuguesa.

[2]             Em sua terceira viagem em 1524, com 54 anos, Vasco da Gama adoeceu e faleceu.

[3]             Descreve Barros que acrescenta: “ Com as quais diferenças que a visita e ouvidos sentiam, o coração de todos estava entre prazer e lágrimas, por esta ser a mais formosa e poderosa armada que até aquele tempo pêra tam longe deste reino partira”.

 

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Andre Mafra

  Estudioso da área de culinária desde 2010, dedica-se a pesquisar e estudar sobre alimentação e especiarias. Realizou viagens aos… Continue lendo.

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